Todo mundo tá feliz?

Apresento a você uma sequência de assinaturas que atestam a felicidade:
 

Não é de hoje que a felicidade é pauta na programação da TV, mas particularmente vem-se intensificando os trabalhos durante os intervalos. Lembro que nos anos noventa ela “morava” nas Lojas Colombo, mas depois resolveram que ela deveria estar em mim, ou “em você”. Com o tempo já ninguém sabia por onde ela andava.

Ouvi falar que o Pão de Açúcar era “
Lugar de gente feliz”, o que até faz sentido, já que a felicidade está aparentemente compartilhada dentro das garrafas de Coca-cola. Talvez por isso eu não tenha encontrado a dita, há um bom tempo não me atrevo a “abrir a felicidade”, costumava degustá-la em "pedaços" no Kinder Ovo.

Contudo, ainda tenho minhas dúvidas, agora intensificadas quando fiquei sabendo que “feliz é quem tem GVT”. De duas uma: ou quem tem GVT também ia ao Pão de Açúcar, ou está havendo uma verdadeira democratização do bem distintivo “Felicidade”.


Eu não condeno o consumo, afinal temos necessidades diversas. Desde as fisiológicas mais básicas até as de auto-estima e realização, coloca-se na mesa, ou na bolsa de compras, aquilo que faz bem, é visualmente interessante ou tem utilidade intelectual. Mas essa história de consumo “enquanto experiência” é quase tão irritantemente mal explorada e vazia quando o consumo “pela sustentabilidade”. 

Aprecio os comerciais que arrepiam, isso em datas especiais, esses mesmos, com narração bonitona para o Natal, ou para o Dia da Criança, são lindos. É o exercício de associação da marca a algo positivo e, no interior de cada indivíduo, verdadeiro (a  verdade da própria reação diante do comercial). Já gerar atribuições sensíveis às marcas soa realmente patético. Eu adoraria saber quem realmente está feliz no meio disso tudo. Eu quero ver, tindolelê, nheco nheco, xique xique, balancê.