Sem compromisso

Bueno, "a novidade é boa". Desde que ela não seja uma má notícia. Mas eu não falo da novidade como notícia, e sim como percepção do novo. Aquilo que te prende por alguns segundos com uma sensação de descoberta e/ou de prazer. Agora, mais um aforismo eletrizante: "sem compromisso é mais gostoso". Não sei porque, mas parece que exercitar é muito mais fácil que fazer pra valer. Ok, até sei. A hora da verdade envolve razões que a própria razão de designer desconhece: orçamento, fornecedor, hierarquia, humor, gosto, et cetera.

Passei as minhas férias incrivelmente sem pensar em design. Li um romance, viajei, li quadrinhos... (mas eram sobre música, então não vale). A angústia de não me alimentar de design foi dissolvida entre outras preocupações e ocupações, como: onde estou?, o que vou comer?, será que chove?, e, vai dar com esse dinheiro?

Antes mesmo que comece o carnaval, voltei à minha ocupação essencial, e devo comentar que por muitas vezes perco completamente o sono com esse tal de design. E o pior é que são ideias em turbilhão. O meu horário mais criativo começa quando decido dormir, e definitivamente não consigo. Cerca de três ou quatros horas projetando silenciosamente. Qualquer coisa. Desde meu futuro escritório ideal, até infográficos sobre a história da teoria do design. Mas são projetos de gaveta. Não estão na lista de prioridades do momento, relegadas à penumbra. Ficam apenas no travesseiro. Raramente me rendo e busco um lápis para registrar algum pensamento que tema ser esquecido. Mas é tão bom. Tenho medo de realizar tudo o que idealizo e não sobrar mais nenhuma motivação sem compromisso. Inexplicavelmente sempre parece novo e genial o primeiro pensamento da noite, depois torna-se irrelevante, mas a sensação em si é boa.




Afinal de contas, de que somos feitos, senão de um punhado de sensações?!